Nós conhecemos tal conta, escriturada de modo normal nos dias atuais, todavia, interessante eram as análises feitas pelos contadores italianos no século XII.
Em todos os livros comerciais sempre aparecia a conta “cabedale”, o “cabedal” como a parte mais importante, que era o capital.
Até hoje o significado do termo “capital” é igual à “parte mais importante” e assim foi nas empresas daquela época.
Esse aprofundamento histórico também é mais feito pelos grandes teoristas italianos, como pouco nos chega hoje no Brasil, a riqueza desses conhecimentos nos é abafada e omitida propositalmente, fazendo-nos carecer de fontes inesgotáveis.
O capital era colocado como origem dos recursos, dos empregos dos capitais, gerando outros capitais como o circulante e fixo.
Contudo, não havia esta distinção, tudo era misturado.
Então a conta capital servia diretamente para APURAÇÃO DO RESULTADO.
Assim se o comerciante aplicava o capital em mercadorias, e dinheiro, era assim contabilizado:
“Dinheiro
Mercadorias
a Capital”
A conta capital ficava como que “estática” parada por um determinado instante, aliás por todo o exercício.
Ela era uma constante que se alterava pela movimentação dos negócios.
Depois na apuração do resultado eles usavam a mesma conta para apurar todo o resultado a ser posto no balanço, fazendo com que se tivessem os gastos via capital e as receitas via capital, em débito e crédito da seguinte forma:
“Capital
a Custos”
“Receitas
a Capital”
Assim se houvesse crédito da conta haveria aumento do capital que era compensado pela mesma conta desta maneira:
“ Capital
a Capital”
Não existia uma DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO, tudo era feito via o próprio BALANÇO, ou as próprias contas patrimoniais.
Aqui nasce a primeira forma de mensuração do resultado, que é pelas variações da própria conta “capital”.
Logo, o capital era sinônimo de rentabilidade, ou de crescimento, aqui aparece o termo mais usual para designar a PALAVRA LUCRO.
Porque surgiu o termo ou a palavra lucro? Malsinado pensamento que faz dele um produto ideológico, e afora os termos prontos dos ideologistas que não conhecem contabilidade e não avaliaram a questão, o mesmo termo surge porque havia CRESCIMENTO DO CAPITAL.
Mas o termo lucro não era apenas para as empresas, ele tinha uma generalidade, todavia, por costume passou a ser usado para designar os AUMENTOS DO CAPITAL das COMPANHIAS.
O termo lucro aparece pela apuração das contas usando contas do patrimônio para se apurar o resultado, aquilo que chamamos de método patrimonial de apuração do resultado, que seria as comparações do patrimônio para averiguação do resultado.
Neste ponto podemos avaliar que o termo LUCRO é sinonímia de AUMENTO DO CAPITAL, e vêm do latim LUCRUM, igual a aumento.
A forma que os contadores medievais faziam a apuração do resultado não foge muito em essência do que temos hoje quando analisamos a conta capital e nos seus aumentos e diminuições o que se passou na riqueza.
Portanto, é uma das teorias do emérito contador de todos os tempos FÁBIO BESTA, quando este diz que o resultado é “ottenuto tra una quantità di capitale di un tempo ad altro”, ou seja, obtido pela quantidade de capital em dois tempos, ou resultado entre a variação de um capital de um período ao outro.
Uma opção interessante para nossos escritórios, seria compararmos a conta capital inicial, com as mutações do capital para averiguarmos quanto que realmente houve de LUCRO.
Ou então simplesmente compararmos o capital inicial com o capital próprio:
Capital inicial em um tempo x: 100.000,00
Capital próprio ao final do ano x: 300.000,00
Não precisamos fazer conforme os contadores mediáveis misturando as contas do patrimônio para apuração das de resultado, pra nós, o método dualista é o mais comum – o que usa uma conta de custos e receitas, e uma conta de apuração separada -, todavia, bastar-nos-ia comparar o valor do patrimônio líquido ou capital próprio com o capital inicial e nos será suficiente para apurarmos o lucro geral.
Temos ainda outras dezenas de formas de apuração de lucro, só nos atemos nesta por questões de limitação.
Prof. Rodrigo Antonio Chaves da Silva - Membro da Escola do Neopatrimonialismo